Este blog tem o intuito de unir laços religiosos com as demais irmandades e de filhos,admiradores,amigos deste Asé que é referência no estado de Goiás. A frente do Asé o Babalorisa Enio Ti Osun e os filhos agradecem a todos pelo prestigio,pela presença no Ilê,pelo apoio ao culto afro-brasileiro ao qual nos dedicamos. Òsún Mòdúpé!!!
Babalorisá Enio Ti Òsún
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Depois da breve explicação sobre o que são os Odús, no post anterior, veja agora, como calcular os signos dos Orixás correspondentes à sua v...
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*Nome:ENIO PEREIRA DA CRUZ Posto:Babalorisa Ile Asé Eromim O runkó: Osun Talajo (Dofono) Iniciação:06/07/1985 c/ Babalorisa João Martins ...
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Yèyé Ò pàrà ! Yèyé O pàrà ! Obìnrin Bí O kùnrin Ní Ò s un Oxum é u Yèyé Ò pàrà ! Yèyé O pàrà ! Obìnrin Bí O kùnrin Ní Ò s un Oxum é uma mulh...
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Bábálòrisá Enio e seus filhos Ègbòme Roni,Ègbòme Léo e Ìyalòrisá Cris em visita a casa de Baba Dino Ti Odé em DF.
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ÒRÌ S À Jìngbìnì Abàtà, Arú Bí Ewé Ajó. ÒRÌ S À Tí Nmú O m o Mú Ìyá Bí O bàlúàiyé Bá Mú W o n Tán O Tún Lè Sáré L o Mú Bàbá ÒRÌ S À Bí Àj...
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Osaguian É o filho de Osàlufan, considerado o Osalá novo, aquele que carrega a espada e o escudo e é muito confundido com Ògún e não perde...
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
Lendas de Orisas,Iyami Osoronga
Iyami Oshoronga
Quando se pronuncia o nome de Iyami Oxorongá quem estiver sentado deve se levantar, quem estiver de pé fará uma reverência pois esse é um temível Orixá, a quem se deve respeito completo.
Pássaro africano, Oxorongá emite um som onomatopaico de onde provém seu nome. É o símbolo do Orixá Iyami, ai o vemos em suas mãos. Aos seus pés, a coruja dos augúrios e presságios. Iyami Oxorongá é a dona da barriga e não há quem resista aos seus ebós fatais, sobretudo quando ela executa o Ojiji, o feitiço mais terrível. Com Iyami todo cuidado é pouco, ela exige o máximo respeito. Iyami Oxorongá, bruxa é pássaro.
As ruas, os caminhos, as encruzilhadas pertencem a Esu. Nesses lugares se invoca a sua presença, fazem-se sacrifícios, arreiam-se oferendas e se lhe fazem pedidos para o bem e para o mal, sobretudo nas horas mais perigosas que são ao meio dia e à meia-noite, principalmente essa hora, porque a noite é governada pelo perigosíssimo odu Oyeku Meji.
À meia-noite ninguém deve estar na rua, principalmente em encruzilhada, mas se isso acontecer deve-se entrar em algum lugar e esperar passar os primeiros minutos. Também o vento (afefe) de que Oya ou Iansan é a dona, pode ser bom ou mau, através dele se enviam as coisas boas e ruins, sobretudo o vento ruim, que provoca a doença que o povo chama de "ar do vento".
Ofurufu, o firmamento, o ar também desempenha o seu papel importante, sobretudo á noite, quando todo seu espaço pertence a Eleiye, que são as Ajé, transformadas em pássaros do mal, como Agbibgó, Elùlú, Atioro, Osoronga, dentre outros, nos quais se transforma a Ajé-mãe, mais conhecida por Iyami Osoronga. Trazidas ao mundo pelo odu Osa Meji, as Ajé, juntamente com o odu Oyeku Meji, formam o grande perigo da noite. Eleiye voa espalmada de um lado para o outro da cidade, emitindo um eco que rasga o silêncio da noite e enche de pavor os que a ouvem ou vêem.
Todas as precauções são tomadas. Se não se sabe como aplacar sua fúria ou conduzí-la dentro do que se quer, a única coisa a se fazer é afugentá-la ou esconjurá-la, ao ouvir o seu eco, dizendo Oya obe l’ori (que a faca de Iansã corte seu pescoço), ou então Fo, fo, fo (voe, voe, voe).
Em caso contrário, tem-se que agradá-la, porque sua fúria é fatal. Se é num momento em que se está voando, totalmente espalmada, ou após o seu eco aterrorizador, dizemos respeitosamente A fo fagun wo’lu ( [saúdo] a que voa espalmada dentro da cidade), ou se após gritar resolver pousar em qualquer ponto alto ou numa de suas árvores prediletas, dizemos, para agradá-la Atioro bale sege sege ([saúdo] Atioro que pousa elegantemente) e assim uma série de procedimentos diante de um dos donos do firmamento à noite.
Mesmo agradando-a não se pode descuidar, porque ela é fatal, mesmo em se lhe felicitando temos que nos precaver. Se nos referimos a ela ou falamos em seu nome durante o dia, até antes do sol se pôr, fazemos um X no chão, com o dedo indicador, atitude tomada diante de tudo que representa perigo. Se durante à noite corremos a mão espalmada, à altura da cabeça, de um lado para o outro, afim de evitar que ela pouse, o que significará a morte. Enfim, há uma infinidade de maneiras de proceder em tais circunstâncias.
(Do livro "Mural dos Orixás" de Caribé e texto de Jorge Amado - Raízes Artes Gráficas)
Iyami Oshorongá é o termo que designa as terríveis ajés, feiticeiras africanas, uma vez que ninguém as conhece por seus nomes. As Iyami representam o aspecto sombrio das coisas: a inveja, o ciúme, o poder pelo poder, a ambição, a fome, o caos o descontrole. No entanto, elas são capazes de realizar grandes feitos quando devidamente agradadas. Pode-se usar os ciúmes e a ambição das Iyami em favor próprio, embora não seja recomendável lidar com elas.
O poder de Iyami é atribuído às mulheres velhas, mas pensa-se que, em certos casos, ele pode pertencer igualmente a moças muito jovens, que o recebem como herança de sua mãe ou uma de suas avós.
Uma mulher de qualquer idade poderia também adquiri-lo, voluntariamente ou sem que o saiba, depois de um trabalho feito por alguma Iyami empenhada em fazer proselitismo.
Existem também feiticeiros entre os homens, os oxô, porém seriam infinitamente menos virulentos e cruéis que as ajé (feiticeiras).
Ao que se diz, ambos são capazes de matar, mas os primeiros jamais atacam membros de sua família, enquanto as segundas não hesitam em matar seus próprios filhos. As Iyami são tenazes, vingativas e atacam em segredo. Dizer seu nome em voz alta é perigoso, pois elas ouvem e se aproximam pra ver quem fala delas, trazendo sua influência.
Iyami é freqüentemente denominada eleyé, dona do pássaro. O pássaro é o poder da feiticeira; é recebendo-o que ela se torna ajé. É ao mesmo tempo o espírito e o pássaro que vão fazer os trabalhos maléficos.
Durante as expedições do pássaro, o corpo da feiticeira permanece em casa, inerte na cama até o momento do retorno da ave. Para combater uma ajé, bastaria, ao que se diz, esfregar pimenta vermelha no corpo deitado e indefeso. Quando o espírito voltasse não poderia mais ocupar o corpo maculado por seu interdito.
Iyami possui uma cabaça e um pássaro. A coruja é um de seus pássaros. É este pássaro quem leva os feitiços até seus destinos. Ele é pássaro bonito e elegante, pousa suavemente nos tetos das casas, e é silencioso.
"Se ela diz que é pra matar, eles matam, se ela diz pra levar os intestinos de alguém, levarão".
Ela envia pesadelos, fraqueza nos corpos, doenças, dor de barriga, levam embora os olhos e os pulmões das pessoas, dá dores de cabeça e febre, não deixa que as mulheres engravidem e não deixa as grávidas darem à luz.
Ela envia pesadelos, fraqueza nos corpos, doenças, dor de barriga, levam embora os olhos e os pulmões das pessoas, dá dores de cabeça e febre, não deixa que as mulheres engravidem e não deixa as grávidas darem à luz.
As Iyami costumam se reunir e beber juntas o sangue de suas vítimas. Toda Iyami deve levar uma vítima ou o sangue de uma pessoa à reunião das feiticeiras. Mas elas têm seus protegidos, e uma Iyami não pode atacar os protegidos de outra Iyami.
Iyami Oshorongá está sempre encolerizada e sempre pronta a desencadear sua ira contra os seres humanos. Está sempre irritada, seja ou não maltratada, esteja em companhia numerosa ou solitária, quer se fale bem ou mal dela, ou até mesmo que não se fale, deixando-a assim num esquecimento desprovido de glória. Tudo é pretexto para que Iyami se sinta ofendida.
Iyami é muito astuciosa; para justificar sua cólera, ela institui proibições. Não as dá a conhecer voluntariamente, pois assim poderá alegar que os homens as transgridem e poderá punir com rigor, mesmo que as proibições não sejam violadas. Iyami fica ofendida se alguém leva uma vida muito virtuosa, se alguém é muito feliz nos negócios e junta uma fortuna honesta, se uma pessoa é por demais bela ou agradável, se goza de muito boa saúde, se tem muitos filhos, e se essa pessoa não pensa em acalmar os sentimentos de ciúme dela com oferendas em segredo. É preciso muito cuidado com elas. E só Orunmilá consegue acalmá-la.
Fonte: As Senhoras do Pássaro da Noite
Manoel Gomes Filho
Lendas de Orisas,Iroko
Iroko

Orixá representado pela mais suntuosa árvore das casas de candomblé e o guardião das matas. Representa a dinastia dos orixás e ancestrais, seus filhos são raríssimos na religião, porém, não há nada mais bonito de se ver do que uma grande árvore de iroko, é protetor das variações climática. Tem ligação com o orixa Aira e Oxalá. Poderosa árvore da floresta, em cujos galhos se abrigam divindades e ancestrais aos pés da qual são depositadas as oferendas para as Ìyàmi Ajè.
Poderosa árvore da floresta, cujas raízes alcançam o Òrún ancestral e o tronco majestoso serve como apoio ao próprio Olòfín.
Iroko é partícipe do culto ancestral feito às árvores sagradas (Iroko, Apaoka, Akoko etc).
No Brasil é considerado o protetor de todas as árvores, sendo associado particularmente à gameleira branca. Seu cultoestá intimamente associado ao de Osànyín, a Divindade das Folhas litúrgicas e medicinais.
É o Òrìsà da floresta, das árvores, do espaço aberto; por extensão governa o tempo em seus múltiplos aspectos, função que o equipara a Airá (divindade da família de Sangò).
É o Òrìsà da floresta, das árvores, do espaço aberto; por extensão governa o tempo em seus múltiplos aspectos, função que o equipara a Airá (divindade da família de Sangò).
É cultuado pelas nações de origem dahomeana (Mina-Gêge, Gêge-Mahi) com o nome de Lokó e pelos Banto-sudaneses pelo nome de Zaratembo (a divindade Tempo da nação de Angola).
É referido como "Òrìsà do grande pano branco que envolve o mundo", numa alusão clara às nuvens do Céu.
É referido como "Òrìsà do grande pano branco que envolve o mundo", numa alusão clara às nuvens do Céu.
As árvores nas quais Iroko é cultuado normalmente são de grande porte; são enfeitadas com grandes laços de pano alvo (oja fúnfún) e ao pé dessas árvores são colocadas suas oferendas, notadamente nas casas de origem Ketu, onde recebe lugar de destaque. Jamais uma dessas árvores pode ser derrubada sem trazer sérias consequências para a comunidade.
No culto aos Vodún, Loko ocupa lugar destacado, comparado somente à Lisa (Osalá) e Dan (Osùmarè).
Iroko é invocado em questões difíceis, tais como desaparecimento de pessoas ou problemas de saúde, inclusive a mental. Seus filhos são altivos e generosos, robustos na constituição, extremamente atentos a tudo o que ocorre a sua volta.
Lendas
Iroco castiga a mãe que não lhe dá o filho prometido...
No começo dos tempos, a primeira árvore plantada foi Iroco. Iroco foi a primeira de todas as árvores, mais antiga que o mogno, o pé de obi e o algodoeiro. Na mais velha das árvores de Iroco, morava seu espírito. E o espírito de Iroco era capaz de muitas mágicas e magias. Iroco assombrava todo mundo, assim se divertia. À noite saia com uma tocha na mão, assustando os caçadores. Quando não tinha o que fazer, brincava com as pedras que guardava nos ocos de seu tronco. Fazia muitas mágicas, para o bem e para o mal. Todos temiam Iroco e seus poderes e quem o olhasse de frente enlouquecia até a morte.
Numa certa época, nenhuma das mulheres da aldeia engravidava. Já não havia crianças pequenas no povoado e todos estavam desesperados. Foi então que as mulheres tiveram a idéia de recorrer aos mágicos poderes de Iroco. Juntaram-se em círculo ao redor da árvore sagrada, tendo o cuidado de manter as costas voltadas para o tronco. Não ousavam olhar para a grande planta face a face, pois, os que olhavam Iroco de frente enlouqueciam e morriam. Suplicaram a Iroco, pediram a ele que lhes desse filhos. Ele quis logo saber o que teria em troca. As mulheres eram, em sua maioria, esposas de lavradores e prometeram a Iroko milho, inhame, frutas, cabritos e carneiros. Cada uma prometia o que o marido tinha para dar. Uma das suplicantes, chamada Olurombi, era a mulher do entalhador e seu marido não tinha nada daquilo para oferecer. Olurombi não sabia o que fazer e, no desespero, prometeu dar a Iroco o primeiro filho que tivesse.
Nove meses depois a aldeia alegrou-se com o choro de muitos recém-nascidos. As jovens mães, felizes e gratas, foram levar a Iroco suas prendas. Em torno do tronco de Iroco depositaram suas oferendas. Assim Iroco recebeu milho, inhame, frutas, cabritos e carneiros. Olurombi contou toda a história ao marido, mas não pôde cumprir sua promessa. Ela e o marido apegaram-se demais ao menino prometido.
No dia da oferenda, Olurombi ficou de longe, segurando nos braços trêmulos, temerosa, o filhinho tão querido. E o tempo passou. Olurombi mantinha a criança longe da árvore e, assim, o menino crescia forte e sadio. Mas um belo dia, passava Olurombi pelas imediações do Iroco, entretida que estava, vindo do mercado, quando, no meio da estrada, bem na sua frente, saltou o temível espírito da árvore. Disse Iroco: "Tu me prometeste o menino e não cumpriste a palavra dada. Transformo-te então num pássaro, para que vivas sempre aprisionada em minha copa."
E transformou Olurombi num pássaro e ele voou para a copa de Iroco para ali viver para sempre.
E transformou Olurombi num pássaro e ele voou para a copa de Iroco para ali viver para sempre.
Olurombi nunca voltou para casa, e o entalhador a procurou, em vão, por toda parte. Ele mantinha o menino em casa, longe de todos. Todos os que passavam perto da árvore ouviam um pássaro que cantava, dizendo o nome de cada oferenda feita a Iroco.
Até que um dia, quando o artesão passava perto dali, ele próprio escutou o tal pássaro, que cantava assim: "Uma prometeu milho e deu o milho; Outra prometeu inhame e trouxe inhames; Uma prometeu frutas e entregou as frutas; Outra deu o cabrito e outra, o carneiro, sempre conforme a promessa que foi feita. Só quem prometeu a criança não cumpriu o prometido."
Ouvindo o relato de uma história que julgava esquecida, o marido de Olurombi entendeu tudo imediatamente. Sim, só podia ser Olurombi, enfeitiçada por Iroco. Ele tinha que salvar sua mulher!
Mas como, se amava tanto seu pequeno filho?
Ele pensou e pensou e teve uma grande idéia. Foi à floresta, escolheu o mais belo lenho de Iroco, levou-o para casa e começou a entalhar. Da madeira entalhada fez uma cópia do rebento, o mais perfeito boneco que jamais havia esculpido.
O fez com os doces traços do filho, sempre alegre, sempre sorridente. Depois poliu e pintou o boneco com esmero, preparando-o com a água perfumada das ervas sagradas. Vestiu a figura de pau com as melhores roupas do menino e a enfeitou com ricas jóias de família e raros adornos.
Quando pronto, ele levou o menino de pau a Iroco e o depositou aos pés da árvore sagrada. Iroco gostou muito do presente. Era o menino que ele tanto esperava!
E o menino sorria sempre, sua expressão, de alegria.
Iroco apreciou sobremaneira o fato de que ele jamais se assustava quando seus olhos se cruzavam. Não fugia dele como os demais mortais, não gritava de pavor e nem lhe dava as costas, com medo de o olhar de frente. Iroco estava feliz. Embalando a criança, seu pequeno menino de pau, batia ritmadamente com os pés no solo e cantava animadamente. Tendo sido paga, enfim, a antiga promessa, Iroco devolveu a Olurombi a forma de mulher. Aliviada e feliz, ela voltou para casa, voltou para o marido artesão e para o filho, já crescido e enfim libertado da promessa.
Alguns dias depois, os três levaram para Iroco muitas oferendas. Levaram ebós de milho, inhame, frutas, cabritos e carneiros, laços de tecido de estampas coloridas para adornar o tronco da árvore.
Eram presentes oferecidos por todos os membros da aldeia, felizes e contentes com o retorno de Olurombi. Até hoje todos levam oferendas a Iroco. Porque Iroco dá o que as pessoas pedem. E todos dão para Iroco o prometido.
Lenda 79 do LIvro Mitologia dos Orixás de Reginaldo Prandi
Iroco ajuda a feiticeira a vingar o filho morto...
Iroco era um homem bonito e forte e tinha duas irmãs. Uma delas era Ajé, a feiticeira, a outra era Ogboí, que era uma mulher normal. Ajé era feiticeira, Ogboí, não. Iroco e suas irmãs vieram juntos do Orun para habitar no Ayê. Iroco foi morar numa frondosa árvore e suas irmãs em casas comuns. Ogboí teve dez filhos e Ajé teve só um, um passarinho.
Um dia, quando Ogboí teve que se ausentar, deixou os dez filhos sob a guarda de Ajé. Ela cuidou bem das crianças até a volta da irmã. Mais tarde, quando Ajé teve também que viajar, deixou o filho pássaro com Ogboí. Foi então que os filhos de Ogbói pediram à mãe que queriam comer um passarinho. Ela lhes ofereceu uma galinha, mas eles, de olhos no primo, recusaram. Gritavam de fome, queriam comer, mas tinha que ser um pássaro. A mãe foi então foi a floresta caçar passarinhos, que seus filhos insistiam em comer. Na ausência da mãe, os filhos de Ogboí mataram, cozinharam e comeram o filho de Ajé. Quando Ajé voltou e se deu por conta da tragédia, partiu desesperada a procura de Iroco. Iroco a recebeu em sua árvore, onde mora até hoje. E de lá, Iroco vingou Ajé, lançando golpes sobre os filhos de Ogboí. Desesperada com a perda de metade de seus filhos e para evitar a morte dos demais, Ogoí ofereceu sacrifícios para o irmão Iroco. Deu-lhe um cabrito e outras coisas e mais um cabrito para Exú. Iroco aceitou o sacrifício e poupou os demais filhos. Ogboí é a mãe de todas as mulheres comuns, mulheres que não são feiticeiras, mulheres que sempre perdem filhos para aplacar a cólera de Ajé e de suas filhas feiticeiras. Iroco mora na gameleira branca e trata de oferecere a sua justiça na disputa entre as feiticeiras e as mulheres comuns.
Lenda 80 do Livro Mitologia dos Orixás de Reginaldo Prandi
Iroco engole a devota que não cumpre a interdição sexual...
Era uma vez uma mulher sem filhos, que ansiava desesperadamente por um herdeiro. Ela foi consultar o babalawo e o babalawo lhe disse como proceder.
Ela deveria ir à árvore de Iroco e a Iroco oferecer um sacrifício. Comidas e bebidas que ele prescreveu a mulher concordou em oferecer. Com panos vistosos ela fez laços e com os laços ela enfeitou o pé de Iroco. Aos seus pés depositou o seu ebó, tudo como mandara o adivinho. Mas de importante preceito ela se esqueceu. A mulher que queria ter um filho deu tudo a Iroco, quase tudo. O babalawo mandara que nós três dias antes do ebó ela deixasse de ter relações sexuais. Só então, assim, com o corpo limpo, deveria entregar o ebó aos pés da árvore sagrada. A mulher disso se esqueceu e não negou deitar-se com o marido nos três que precediam o ebó.
Iroco irritou-se com a ofensa, abriu uma grande boca em seu grosso tronco e engoliu quase totalmente a mulher, deixando de fora só os ombros e a cabeça. A mulher gritava feito louca por ajuda e toda a aldeia correu para o velho Iroco. Todos assistiam o desespero da mulher. O babalawo foi também até a árvore e fez seu jogo e o jogo que o babalawo fez para a mulher revelou sua ofensa,sua oferta com o corpo sujo, porque para fazer oferenda para Iroco é preciso ter o corpo limpo e isso ela não tinha.
Mas a mulher estava arrependida e a grande árvore deixou que ela fosse libertada. Toda a aldeia ali reunida regozijou-se pela mulher. Todos cantaram e dançaram de alegria. Todos deram vivas a Iroco.
Tempos depois a mulher percebeu que estava grávida e preparou novos laços de vistosos panos e enfeitou agradecida a planta imensa. Tudo ofereceu-lhe do melhor, antes resguardando-se para ter o corpo limpo. Quando nasceu o filho tão esperado, ela foi ao babalawo e ele leu o futuro da criança: deveria ser iniciada para Iroco. Assim foi feito e Iroco teve muitos devotos. E seu tronco está sempre enfeitado e aos seus pés não lhe faltam oferendas.
Lendas de Orisas,introdução
Lendas dos Orixás
Na África cada Orixá estava ligado originalmente a uma cidade ou a um país inteiro. Tratava-se de uma série de cultos regionais ou nacionais. Sàngó em Oyó, Yemoja na região de Egbá, Iyewa em Egbado, Ogún em Ekiti e Ondô, Òssun em Ijexá e Ijebu, Erinlé em Ilobu, Lógunnède em Ilexá, Otin em Inixá, Osàálà-Obàtálá em Ifé, subdivididos em Osàlúfon em Ifan e Òságiyan em Ejigbô.
REFERÊNCIA: Casa dos Orixas 01
Podemos afirmar que a cultura do candomblé no brasil, nasceu nas senzalas, com a junção de povos(africanos) com seus costumes e orixás. Provenientes de milhões de negros de diversos países e cidades africanas, trazidos (arrancados) de seus lares, de suas famílias e de seus pais e filhos; para trabalharem nas plantações de cana e café das cidades baianas, cariocas, pernambucanas, cearenses e paulistanas. E, posteriormente, nos exércitos e fazendas de fronteiras do rio grande do sul. Graças aos conquistadores portugueses, franceses, ingleses e de padres e bispos da época; (que legaram aos brancos poder de matar os negros e índios, afirmando que os negros eram sub-humanos, e portanto, não haveria pecado.) Milhões de negros foram massacrados nas colônias e em navios negreiros. Porém, ironicamente podemos afirmar que: se não fosse essa catástrofe ou atrocidade animalesca; provocadas por animais considerados humanos, contra humanos considerados animais; hoje o brasil não teria o prazer de conhecer esta maravilhosa cultura, sem mencionar nos orixás e seus axés. Ao contrário que muitos acreditam, na áfrica não existia somente tribos de índios semi-culturados. Lá existia e ainda existem, reinos com suas hierarquias (reis, rainhas, sacerdotes, príncipes, generais, exércitos, etc.); assim como, havia uma cultura avançada relacionada a religião e comércio em todo continente, inclusive possuindo muitas heranças culturais egípcias, gregas e persas. No continente africano, muitos reinos com suas ricas e milenares cidades, foram extintos graças às influências e dominações cristãs e mulçumanas. Aniquilando o resto da cultura existente nos países enfraquecidos pela escravidão, tornando-os órfãos de orixás. É fácil de se verificar que em muitas regiões africanas o povo carece de energia (axé). Assim: Sem oxum (água); sem ogum (trabalho/ferramentas); sem xangô (justiça); sem oxalá (paz); sem iemanjá (estudo/psicologia); sem nanã (origem,família); sem odé/oxossi (comida/caça); sem ossain (remédio); etc. É bom saber, que ainda existe cultura na áfrica, mesmo que seja em poucas regiões.lá ainda existem reinos, príncipes, rios e orixás... Onde possamos levar e trazer fundamentos, realizando a tão sonhada e difundida união entre continentes; pregada, catalogada e amplamente difundida por autores como: Pierre verger e tantos outros. Quanto a escravidão... Em várias senzalas brasileiras, foram aglomerados negros de diversas raízes, que uniram-se culturalmente; trocando, dividindo fundamentos de cultuação e prática religiosa. Também por esses motivos, os negros escravos eram muito temidos. Eles arquitetavam facilmente, planos de fuga, de defesa e até mesmo de guerrilhas. "assim nascera: a capoeira, o zumbi dos palmares, o candomblé, etc." Como ocorreu ... Sabendo-se que: era costume em muitas cortes e tribos africanas, escravizarem os presos de guerra (principalmente os guerreiros), ao mesmo tempo que não haviam exércitos europeus capazes de vencer uma guerra ou confronto direto com povos africanos (os mesmos possuíam também táticas avançadas de guerra). Os portugueses uniam-se a reis africanos, oferecendo armas e títulos da nobreza européia em troca dos prisioneiros de guerra. Desencadeando um grande conflito inter-continental, apenas levantando calúnias e difamações entre os povos vizinhos. Após anos de guerras e conflitos, muitos reinos enfraqueceram seus sistemas de defesa, e muitos soldados já estavam trabalhando nas colônias como escravos. Os portugueses deram o golpe final invadindo e conquistando os reinos dos próprios aliados enfraquecidos. Arrastando para as senzalas também as mulheres, crianças e nobres das cortes. Assim prosseguiu a barbárie tarefa européia de comércio humano. Até o final da segunda guerra mundial. Onde ainda existia nas colônias africanas do império britânico, trabalho escravo e apartheid, em pleno século "XX". Na própria terra dos orixás a pobreza e as doenças, assistidas e divulgadas em meios de comunicação, como ex: em angola (ex-colônia portuguesa); tiveram como principal foco inicialisador, a extinção da cultura dos povos por seus opressores. Onde muitos habitantes, não reconhecem mais seus antepassados. Perdendo o elo com seus orixás. Porém, assim como ocorreu na escravidão no Brasil, sabemos que na África, existem bravos sobreviventes, que lutam para que seus paises resgatem sua cultura e prestígio. E torçamos para que a cultura dos orixás permaneçam vivas e fortes em muitos corações e povos, sobrevivendo inclusive de ataques das religiões que se dizem únicos donos da "palavra de deus"; Induzindo inclusive a separação de negros e brancos como nos EUA, por exemplo: onde o negro abdicou totalmente de sua cultura ancestral, absorvendo a religião e os costumes(cultura) dos brancos, onde pregam em suas liturgias a paz e o amor, assim como a igualdade entre os homens. Mas mesmo assim, foram humilhados e separados dos demais brancos. Onde reza um negro, não reza um branco, e cada qual possui sua igreja de mesmo deus, (para brancos e negros), perdendo assim sua identidade , seu orgulho, sua cultura. E aqui no brasil, quando não mais houver crianças chorando com fome, e pessoas somente criticando os atos das pessoas de boa vontade ao invés de contribuir ou ajudar. Certamente este país mais fértil, mais cultural e com o povo mais nobre e humano do mundo. Terá certamente lugar de destaque, respeito e reconhecimento em todo o planeta. Hoje conhecemos a religião africana no continente americano como: -candomblé, batuque, xangô, santeria, vodoo e outras) Em cada grupo, juntaram-se culturas, associadas ao maior ou menor número de pessoas originárias da mesma raiz (nagô, ketu, angola, oyo, jêje, ijexá, etc) (ver mapa). Em muitos reinos/cidades, cultuava-se diferentes orixás em cada raiz(família). Como em muitos locais, eles conheciam orixás por diferentes nomes. Ex: obaluaie e omulu em ketu(nagô); xapanan e sapakta em jêje. (que são os mesmos orixás). E que em muitas nações foram associados a outros orixás, tornando-se qualidades. Seus fundadores ou reis, eram cultuados especificamente em suas próprias cidades conquistadas ou fundadas. Ex: xangô em oyó, logun-edé em efon, oxossi em ketu, etc. Sendo até hoje reverenciados, servindo de pilar na identificação da origem de cada casa de candomblé existente no brasil. Também em várias regiões da áfrica, existem ainda sacerdotes e obás(reis) supremos de determinados orixás, sendo os mesmos detentores únicos de todos os segredos e fundamentos a um ou dois orixás específicos. Em muitas nações, os mesmos orixás, ou possuem cultos únicos e diretos, ou tornaram-se qualidades de orixás primários. Ex: no oyó (batuque) otin é um orixá feminino que se cultua junto a odé. Em outras nações de candomblé, a mesma é uma qualidade de oxossi/odé. Assim como ibeji, etc. Infelizmente, muitos outros orixás não são mais cultuados, pois perderam-se os fundamentos dos mesmos, porém ainda existem na natureza, e seus axés (energias) ainda reinam no universo. Nota: devido as diferenças litúrgicas e culturais existentes entre nações africanas de raízes, jêje, angola, ketu etc. Sempre ocorreu uma certa desunião entre as mesmas. Umas das principais missões nesta obra, é a de promover a união da religião africana no Brasil. Não nos referimos a uma união litúrgica (modo de cultuação e prática), pois sabemos que é devido aos costumes de nossos antepassados, que desde a antigüidade, cultuavam orixás diferentes em cada nação religiosa. Mas sim, numa união cultural. Portanto, não devemos nos atenuar em diferentes nomes de qualidades designadas a orixás, exús e até mesmo certas diferenças ligadas a maneiras de tocar um candomblé/batuque/xangô, etc. Devemos sim buscar maneiras de interagir nossos conhecimentos e cultura em prol de uma união mais sólida, respeitável e influente. REFERÊNCIA: Casa dos Orixas 02 Origem...São muito contraditórias as publicações referentes a verdadeira origem da religião dos orixás na áfrica. Alguns historiadores, associam Oduduá o "conquistador". Com Nimrod; também citam a semelhança de nosso método de consulta a Ifá (oráculo), com a Kaballah judaica; Dan a serpente telúrica representando a eternidade, com a Dan serpente referente a umas das doze tribos de Israel e outras. Ou seja, muitos historiadores afirmam que os yorubás possuem descendência judaica. Outros defendem somente a tese que: os orixás são antepassados divinizados de antigos reis africanos, assim como generais e sacerdotes; que tiveram suas façanhas eternizadas nas histórias dos antigos. Lendas repassadas de geração em geração aos descendentes dos reinos e tribos africanas. Em suas pesquisas, constataram a presença de influencias egípcias e fenícias na cultura yorubana. Verger mostrou em suas obras, que nossa origem é remota a muitas outras conhecidas, como gregas e romanas. Pois temos orixás em nosso culto que são anteriores a conquista e conhecimento do metal, como nanã. Verger também tratou de mostrar a semelhança existente entre nossos deuses e deuses gregos, como por exemplo: Zeus: deus grego do trovão e dos raios, tem como símbolo um machado duplo. Xangô: deus yorubá dos raios e trovões, tem como símbolo um oxé (machado de duas lâminas). Certamente em meio a tanto estudos, podemos afirmar que em um vasto continente como o africano, é certo que todas as teses são corretas. E que aos poucos, todas estas origens regionais, fundiram-se formando uma cultura sólida e única, que conhecemos hoje como a cultura dos orixás; verificadas em todos os povos (yorubanos, angolanos, jêjes, etc.), com seu xangô, oduduá, obatalá e demais reis, guerreiros e sacerdotes. Eternizados e unidos com as energias da natureza (florestas, animais, rios, oceanos, etc.) Onde em nossos ylés são louvados e suas histórias narradas a nossos iniciados, afim de servir de exemplo de conduta e fé, associada a natureza e bem estar da sociedade. Tal como em livros milenares, editados como por exemplo: a arte da guerra do general chinês "sun tzu" vendido no mundo todo. Narrando suas condutas e táticas de batalhas, transformadas em auto-ajuda, associada a negócios e condutas para os dias atuais. Nós também ensinamos a nossos seguidores, as histórias de nossos reis (Xangô) de nossos generais milenares (Ogun), etc. Com suas táticas, seus erros, suas virtudes e glórias; afim que possam ter como princípio de vida, o equilíbrio associado a normas e condutas culturais de nossos antepassados. E com simbologias e danças em louvor a nossos antigos mestres saudamos nossos orixás e antepassados, que em energia nos lega seu axé. Sincretismo... Nos referimos a sincretismo, quando são associadas duas religiões em um único culto, com suas simbologias e doutrinas mescladas. No caso do candomblé/batuque, foram associados imagens de santos católicos a nossos orixás. O que existe uma explicação inconteste e única para tal associação. O sincretismo religioso, nasceu também nas senzalas. Hoje há uma grande diferença de sincretismo de orixás nas nações de candomblé. Na bahia, ogum é sincretizado por são sebastião, no rio grande do sul por são jorge, e assim por diante. Na época quando ouve a troca de cultura entre os habitantes das senzalas, os negros continuaram a cultuar seus orixás, mesmo após os brancos com sua santa inquisição católica, obrigarem os negros a converterem-se ao cristianismo e trocarem seus nomes originais, por nomes portugueses. Quando os negros dançavam para seus orixás, eles colocavam sobre o "assentamento", estátuas de santos católicos para enganar os inquisidores. Como eles cantavam aos seus orixás em seu dialeto primitivo, os padres e fazendeiros, tinham a ilusão que os escravos louvavam os santos católicos na linguagem yorubá. Mas na verdade, estavam usando as imagens destes santos para esconder em seu interior, suas obrigações e verdadeiras simbologias dos orixás. Certamente, os negros assimilaram muito bem os ensinamentos dos senhores brancos, utilizavam as imagens católicas comparando-as aos orixás por aparência ou feitos. Como exemplo: oxalá com jesus, oxum e yemanjá com as aparições da virgem maria, oyá/yansan com santa bárbara e assim por diante. Mas cabe lembrar: os negros só usavam as imagens católicas no propósito de esconder suas obrigações, em hipótese alguma, os negros cultuavam os santos católicos como orixás. Referência: Candomblé Ilê Axé Opô Afonja Algumas considerações... A palavra candomblé é sinônimo de religião africana. Sempre foi e é usada ainda neste sentido. Isto explica muitas coisas. Vejamos. O negro foi arrancado de sua terra e vendido como uma mercadoria, escravizado. Aqui ele chegou escravo, objeto; de sua terra ele partiu livre, homem. Na viagem, no tráfico, ele perdeu personalidade, representatividade, mas sua cultura, sua história, suas paisagens, suas vivências vieram com ele. Estas sementes, estes conhecimentos encontraram um solo, uma terra parecida com a África, embora estranhamente povoada. O medo se impunha, mas a fé, a crença - o que se sabia - exigia ser expresso. Surgiram os cultos (onilé - confundidos mais tarde com o culto do Caboclo, uma das primeiras versões do sincretismo), surgiu a raiva e a necessidade de ser livre. Apareceram os feitiços (ebós), os quilombos. Os trezentos anos da história da escravidão do negro no Brasil, atestam acima de tudo, a resistência, a organização dos negros. A cultura africana sobreviveu para o negro através de sua crença, de sua religião. O que se acredita, se deseja, é mais forte do que o que se vive, sempre que há uma situação limite. A religião, sua organização em terreiros (roças), foi como muito já se escreveu, a resistência negra. Resistiu-se por haver organização. A organização consigo mesmo. Cada negro tinha, ou sabia que seu avô teve, um farol, um guia, um orixá protetor. No meio dos objetos traficados (os escravos) haviam jóias raras: Babalorixás e Iyalorixás. Estes sacerdotes, inteiros nas suas crenças, criaram a África no Brasil. Esta mágica, esta organização reestruturante só é possível de ser entendida se pensarmos no que é a iniciação , todo processo que implica e estabelece. A cana de açúcar do Senhor de Engenho era plantada por Iaôs recém saídos das camarinhas, dos roncós. A força se espalhou, o axé cresceu e apareceu na sociedade sob a forma dos terreiros de candomblé (religião de negros yorubá como é definido no Dicionário de Aurélio Buarque). Era coisa de negros, portanto escusa, ignorante, desprezível e rapidamente traduzida como coisa ruim, coisa do diabo, bem e mal, certo e errado, branco e preto. Antagonismos opressores, sem possibilidades alternativas. O negro resolveu tentar agir como se fora branco, para ser aceito. Ele dizia: - meu Senhor, a gente tá tocando para Senhor do Bomfim, seu Santo, nhô! Não é para Oxalá, quer dizer, Oxalá é o Pai Nosso, é o mesmo que Senhor do Bomfim. Sincretismo. Forma de resistência que criou grande onus, severas cicatrizes desfiguradoras. O processo social, a dinâmica é implacável. A imobilidade não se mantém. O filho do africano já dizia que não confiava em negro brasileiro (o sìgìdì, por exemplo, um encantamento de invisibilidade e criação de elemental, não foi ensinado). Muito se perdeu, a terra africana reduziu-se a pequenos torrões, o candomblé era eficaz; o Senhor procurava a negra velha para fazer um feitiço, para que lhe desse um banho de folha, lhe desse um patuá. Proliferação de terreiros. Massificação, turismo, folclore. Mas os grandes iniciados, iguais àqueles criadores da terra africana no Brasil, ainda existem. Odé Kayode - Mãe Stella de Oxossi , em 1983, dizia: "Iansã não é Santa Bárbara", e explicava. Mostrou que candomblé não era uma seita, era uma religião independente do catolicismo. A terra tremeu; algumas pessoas falavam: "- sempre fomos à missa, sempre a última benção, depois da iniciação, era na Igreja, fazemos missa de corpo presente quando alguém morre, não pode mudar isso". Era a tradição alienada versus a revolução coerente, era a quebra do último grilhão. A represa foi quebrada e as águas fertilizaram os campos quase estéreis da sobrevivência. O negro é livre. Veio da África, tem uma história, tem uma religião igual à qualquer outra e ainda, não é politeista, é monoteista: acima de todos os Orixás está Olorum. Nina Rodrigues conta que uma vez perguntou a um Babalorixá porque ele não recebia Olorum, já que este existia. Ouvindo a seguinte resposta: "- Meu Doutor, se eu recebesse, eu explodia". Agora um novo limite, uma nova configuração se instala. Neste fim de século com a corrosão das instituições religiosas tradicionais, com o surgimento de novas religiões, com as doutrinas esotéricas alternativas, o candomblé, agora considerado religião, é visto também como uma agência eficiente: resolve problemas, cura doenças, acalma as cabeças. Os brancos querem ser negros, já não se ouve "o negro de alma branca", agora o privilégio é ser um branco de alma negra, ter ancestralidade, "ter enredo, história com o Santo". Mais do que nunca as Iyalorixás e Babalorixás se questionam. As armadilhas, os "caça-fugitivos" estão instalados. São os congressos, a TV - é a mídia - os livros, a 'web', em certo sentido. Tudo isto é transformado, por nós, em pinças para separar o joio do trigo, porisso estamos aqui. Dizendo o que somos, damos condição para que se perceba o que está posto e se entenda o suposto, o oposto e o aposto. Diferenciação é conhecimento, candomblé é religião, não é seita. As Iyalorixás organizam as cabeças. O processo de organização do ori é awo (segredo). O candomblé é uma religião que trabalha com o segredo, o lado mudo do ser, o que a Olorum pertence. O candomblé organiza o fragmentado, abrindo canais de expressão para o ser humano. - Oni Kòwé - Salvador, outubro de 1996 |
Eguns
Eguns
O CULTO DOS EGUNS NO CANDOMBLÉ
Os negros iorubanos originários da Nigéria trouxeram para o Brasil o culto dos seus ancestrais chamados Eguns ou Egunguns. Em Itaparica (BA), duas sociedades perpetuam essa tradição religiosa.
(Revista Planeta n.º 162 - março 86)
Os cultos de origem africana chegaram ao Brasil juntamente com os escravos. Os iorubanos - um dos grupos étnicos da Nigéria (ver mapa), resultado de vários agrupamentos tribais, tais como Keto, Oyó, Itexá, Ifan e Ifé (ver mapa), de forte tradição, principalmente religiosa - nos enriqueceram com o culto de divindades denominadas genericamente de orixás.(1 - Por motivos gráficos e para facilitar a leitura, os termos em língua yorubá foram aportuguesados. Ex.: orisá = orixá.)
Esses negros iorubanos não apenas adoram e cultuam suas divindades, mas também seus ancestrais, principalmente os masculinos. A morte não é o ponto final da vida para o iorubano, pois ele acredita na reencarnação (àtúnwa), ou seja, a pessoa renasce no mesmo seio familiar ao qual pertencia; ela revive em um dos seus descendentes. A reencarnação acontece para ambos os sexos; é o fato terrível e angustiante para eles não reencarnar.
Os mortos do sexo feminino recebem o nome de Iami Agbá (minha mãe anciã), mas não são cultuados individualmente. Sua energia como ancestral é aglutinada de forma coletiva e representada por Iami Oxorongá, chamada também de Iá Nlá, a grande mãe. Esta imensa massa energética que representa o poder de ancestralidade coletiva feminina é cultuada pelas "Sociedades Geledê", compostas exclusivamente por mulheres, e somente elas detêm e manipulam este perigoso poder. O medo da ira de Iami nas comunidades é tão grande que, nos festivais anuais na Nigéria em louvor ao poder feminino ancestral, os homens se vestem de mulher e usam máscaras com características femininas, dançam para acalmar a ira e manter, entre outras coisas, a harmonia entre o poder masculino e o feminino.
Os negros iorubanos originários da Nigéria trouxeram para o Brasil o culto dos seus ancestrais chamados Eguns ou Egunguns. Em Itaparica (BA), duas sociedades perpetuam essa tradição religiosa.
(Revista Planeta n.º 162 - março 86)
Os cultos de origem africana chegaram ao Brasil juntamente com os escravos. Os iorubanos - um dos grupos étnicos da Nigéria (ver mapa), resultado de vários agrupamentos tribais, tais como Keto, Oyó, Itexá, Ifan e Ifé (ver mapa), de forte tradição, principalmente religiosa - nos enriqueceram com o culto de divindades denominadas genericamente de orixás.(1 - Por motivos gráficos e para facilitar a leitura, os termos em língua yorubá foram aportuguesados. Ex.: orisá = orixá.)
Esses negros iorubanos não apenas adoram e cultuam suas divindades, mas também seus ancestrais, principalmente os masculinos. A morte não é o ponto final da vida para o iorubano, pois ele acredita na reencarnação (àtúnwa), ou seja, a pessoa renasce no mesmo seio familiar ao qual pertencia; ela revive em um dos seus descendentes. A reencarnação acontece para ambos os sexos; é o fato terrível e angustiante para eles não reencarnar.
Os mortos do sexo feminino recebem o nome de Iami Agbá (minha mãe anciã), mas não são cultuados individualmente. Sua energia como ancestral é aglutinada de forma coletiva e representada por Iami Oxorongá, chamada também de Iá Nlá, a grande mãe. Esta imensa massa energética que representa o poder de ancestralidade coletiva feminina é cultuada pelas "Sociedades Geledê", compostas exclusivamente por mulheres, e somente elas detêm e manipulam este perigoso poder. O medo da ira de Iami nas comunidades é tão grande que, nos festivais anuais na Nigéria em louvor ao poder feminino ancestral, os homens se vestem de mulher e usam máscaras com características femininas, dançam para acalmar a ira e manter, entre outras coisas, a harmonia entre o poder masculino e o feminino.
Além da Sociedade Geledê, existe também na Nigéria a Sociedade Oro. Este é o nome dado ao culto coletivo dos mortos masculinos quando não individualizados. Oro é uma divindade tal qual Iami Oxorongá, sendo considerado o representante geral dos antepassados masculinos e cultuado somente por homens. Tanto Iami quanto Oro são manifestações de culto aos mortos. São invisíveis e representam a coletividade, mas o poder de Iami é maior e, portanto, mais controlado, inclusive, pela Sociedade Oro.
Outra forma, e mais importante de culto aos ancestrais masculinos é elaborada pelas "Sociedades Egungum". Estas têm como finalidade celebrar ritos a homens que foram figuras destacadas em suas sociedades ou comunidades quando vivos, para que eles continuem presentes entre seus descendentes de forma privilegiada, mantendo na morte a sua individualidade. Esse mortos surgem de forma visível mas camuflada, a verdadeira resposta religiosa da vida pós-morte, denominada Egum ou Egungum. Somente os mortos do sexo masculino fazem aparições, pois só os homens possuem ou mantém a individualidade; às mulheres é negado este privilégio, assim como o de participar diretamente do culto.
Esses Eguns são cultuados de forma adequada e específica por sua sociedade, em locais e templos com sacerdotes diferentes dos dos orixás. Embora todos os sistemas de sociedade que conhecemos sejam diferentes, o conjunto forma uma só religião: a iorubana.
No Brasil existem duas dessas sociedades de Egungum, cujo tronco comum remonta ao tempo da escravatura: Ilê Agboulá, a mais antiga, em Ponta de Areia, e uma mais recente e ramificação da primeira, o Ilê Oyá, ambas em Itaparica, Bahia.
O Egum é a morte que volta à terra em forma espiritual e visível aos olhos dos vivos. Ele "nasce" através de ritos que sua comunidade elabora e pelas mãos dos Ojé (sacerdotes) munidos de um instrumento invocatório, um bastão chamado ixã, que, quando tocado na terra por três vezes e acompanhado de palavras e gestos rituais, faz com que a "morte se torne vida", e o Egungum ancestral individualizado está de novo "vivo".
A aparição dos Eguns é cercada de total mistério, diferente do culto aos orixás, em que o transe acontece durante as cerimônias públicas, perante olhares profanos, fiéis e iniciados. O Egungum simplesmente surge no salão, causando impacto visual e usando a surpresa como rito. Apresenta-se com uma forma corporal humana totalmente recoberta por uma roupa de tiras multicoloridas, que caem da parte superior da cabeça formando uma grande massa de panos, da qual não se vê nenhum vestígio do que é ou de quem está sob a roupa. Fala com uma voz gutural inumana, rouca, ou às vezes aguda, metálica e estridente - característica de Egum, chamada de séègí ou sé, e que está relacionada com a voz do macaco marrom, chamado ijimerê na Nigéria (veja lendas de Oyá).
As tradições religiosas dizem que sob a roupa está somente a energia do ancestral; outras correntes já afirmam estar sob os panos algum mariwo (iniciado no culto de Egum) sob transe mediúnico. Mas, contradizendo a lei do culto, os mariwo não podem cair em transe, de qualquer tipo que seja. Pelo sim ou pelo não, Egum está entre os vivos, e não se pode negar sua presença, energética ou mediúnica, pois as roupas ali estão e isto é Egum.
A roupa do Egum - chamada de eku na Nigéria ou opá na Bahia -, ou o Egungum propriamente dito, é altamente sacra ou sacrossanta e, por dogma, nenhum humano pode tocá-la. Todos os mariwo usam o ixã para controlar a "morte", ali representada pelos Eguns. Eles e a assistência não devem tocar-se, pois, como é dito nas falas populares dessas comunidades, a pessoa que for tocada por Egum se tornará um "assombrado", e o perigo a rondará. Ela então deverá passar por vários ritos de purificação para afastar os perigos de doença ou, talvez, a própria morte.
Ora, o Egum é a materialização da morte sob as tiras de pano, e o contato, ainda que um simples esbarrão nessas tiras, é prejudicial. E mesmo os mais qualificados sacerdotes - como os ojé atokun, que invocam, guiam e zelam por um ou mais Eguns - desempenham todas essas atribuições substituindo as mãos pelo ixã.
Os Egum-Agbá (ancião), também chamados de Babá-Egum (pai), são Eguns que já tiveram os seus ritos completos e permitem, por isso, que suas roupas sejam mais completas e suas vozes sejam liberadas para que eles possam conversar com os vivos. Os Apaaraká são Eguns mudos e suas roupas são as mais simples: não têm tiras e parecem um quadro de pano com duas telas, uma na frente e outra atrás. Esses Eguns ainda estão em processo de elaboração para alcançar o status de Babá; são traquinos e imprevisíveis, assustam e causam terror ao povo.
O eku dos Babá são divididos em três partes: o abalá, que é uma armação quadrada ou redonda, como se fosse um chapéu que cobre totalmente a extremidade superior do Babá, e da qual caem várias tiras de panos coloridas, formando uma espécie de franjas ao seu redor; o kafô, uma túnica de mangas que acabam em luvas, e pernas que acabam igualmente em sapatos; e o banté, que é uma tira de pano especial presa no kafô e individualmente decorada e que identifica o Babá.
O banté, que foi previamente preparado e impregnado de axé (força, poder, energia transmissível e acumulável), é usado pelo Babá quando está falando e abençoando os fiéis. Ele sacode na direção da pessoa e esta faz gestos com as mãos que simulam o ato de pegar algo, no caso o axé, e incorporá-lo. Ao contrário do toque na roupa, este ato é altamente benéfico. Na Nigéria, os Agbá-Egum portam o mesmo tipo de roupa, mas com alguns apetrechos adicionais: uns usam sobre o alabá mascaras esculpidas em madeira chamadas erê egungum; outros, entre os alabá e o kafô, usam peles de animais; alguns Babá carregam na mão o opá iku e, às vezes, o ixã. Nestes casos, a ira dos Babás é representada por esses instrumentos litúrgicos.
Existem várias qualificações de Egum, como Babá e Apaaraká, conforme sus ritos, e entre os Agbá, conforme suas roupas, paramentos e maneira de se comportarem. As classificações, em verdade, são extensas.
Nas festas de Egungum, em Itaparica, o salão público não tem janelas, e, logo após os fiéis entrarem, a porta principal é fechada e somente aberta no final da cerimônia, quando o dia já está clareando. Os Eguns entram no salão através de uma porta secundária e exclusiva, único local de união com o mundo externo. Os ancestrais são invocados e eles rondam os espaços físicos do terreiro. Vários amuxã (iniciados que portam o ixã) funcionam como guardas espalhados pelo terreiro e nos seus limites, para evitar que alguns Babá ou os perigosos Apaaraká que escapem aos olhos atentos dos ojés saiam do espaço delimitado e invadam as redondezas não protegidas.
Os Eguns são invocados numa outra construção sacra, perto mas separada do grande salão, chamada de ilê awo (casa do segredo), na Bahia, e igbo igbalé (bosque da floresta), na Nigéria. O ilê awo é dividido em uma ante-sala, onde somente os ojé podem entrar, e o lèsànyin ou ojê agbá entram.
Balé é o local onde estão os idiegungum, os assentamentos - estes são elementos litúrgicos que, associados, individualizam e identificam o Egum ali cultuado - , e o ojubô-babá, que é um buraco feito diretamente na terra, rodeado por vários ixã, os quais, de pé, delimitam o local.
Nos ojubô são colocadas oferendas de alimentos e sacrifícios de animais para o Egum a ser cultuado ou invocado. No ilê awo também está o assentamento da divindade Oyá na qualidade de Igbalé, ou seja, Oyá Igbalé - a única divindade feminina venerada e cultuada, simultaneamente, pelos adeptos e pelos próprios Eguns (veja Mitos Oyá-Egum).
No balé os ojê atokun vão invocar o Egum escolhido diretamente no assentamento, e é neste local que o awo (segredo) - o poder e o axé de Egum - nasce através do conjunto ojê-ixã/idi-ojubô. A roupa é preenchida e Egum se torna visível aos olhos humanos.
Após saírem do ilê awo, os Eguns são conduzidos pelos amuxã até a porta secundária do salão, entrando no local onde os fiéis os esperam, causando espanto e admiração, pois eles ali chegaram levados pelas vozes dos ojê, pelo som dos amuxã, brandindo os ixã pelo chão e aos gritos de saudação e repiques dos tambores dos alabê (tocadores e cantadores de Egum). O clima é realmente perfeito.
O espaço físico do salão é dividido entre sacro e profano. O sacro é a parte onde estão os tambores e seus alabê e várias cadeiras especiais previamente preparadas e escolhidas, nas quais os Eguns, após dançarem e cantarem, descansam por alguns momentos na companhia dos outros, sentados ou andando, mas sempre unidos, o maior tempo possível, com sua comunidade. Este é o objetivo principal do culto: unir os vivos com os mortos.
Nesta parte sacra, mulheres não podem entrar nem tocar nas cadeiras, pois o culto é totalmente restrito aos homens. Mas existem raras e privilegiadas mulheres que são exceção, como se fosse a própria Oyá; elas são geralmente iniciadas no culto dos orixás e possuem simultaneamente oiê (posto e cargo hierárquico) no culto de Egum - estas posições de grande relevância causam inveja à comunidade feminina de fiéis. São estas mulheres que zelam pelo culto, fora dos mistérios, confeccionando as roupas, mantendo a ordem no salão, respondendo a todos os cânticos ou puxando alguns especiais, que somente elas têm o direito de cantar para os Babá. Antes de iniciar os rituais para Egum, elas fazem uma roda para dançar e cantar em louvor aos orixás; após esta saudação elas permanecem sentadas junto com as outras mulheres. Elas funcionam como elo de ligação entre os atokun e os Eguns ao transmitir suas mensagens aos fiéis. Elas conhecem todos os Babá, seu jeito e suas manias, e sabem como agradá-los(ver quadro: oiê femininos).
Este espaço sagrado é o mundo do Egum nos momentos de encontro com seus descendentes. Assistência está separada deste mundo pelos ixã que os amuxã colocam estrategicamente no chão, fazendo assim uma divisão simbólica e ritual dos espaços, separando a "morte" da "vida". É através do ixã que se evita o contato com o Egun: ele respeita totalmente o preceito, é o instrumento que o invoca e o controla. às vezes, os mariwo são obrigados a segurar o Egum com o ixã no seu peito, tal é a volúpia e a tendência natural de ele tentar ir ao encontro dos vivos, sendo preciso, vez ou outra, o próprio atokun ter de intervir rápida e rispidamente, pois é o ojê que por ele zela e o invoca, pelo qual ele tem grande respeito.
O espaço profano é dividido em dois lados: à esquerda ficam as mulheres e crianças e à direita, os homens. Após Babá entrar no salão, ele começa a cantar seus cânticos preferidos, porque cada Egum em vida pertencia a um determinado orixá. Como diz a religião, toda pessoa tem seu próprio orixá e esta característica é mantida pelo Egum. Por exemplo: se alguém em vida pertencia a Xangô, quando morto e vindo com Egum, ele terá em suas vestes as características de Xangô, puxando pelas cores vermelha e branca. Portará um oxê (machado de lâmina dupla), que é sua insígnia; pedirá aos alabês que toquem o alujá, que também é o ritmo preferido de Xangô, e dançará ao som dos tambores e das palmas entusiastas e excitantemente marcadas pelo oiê femininos, que também responderão aos cânticos e exigirão a mesma animação das outras pessoas ali presentes.
Babá também dançará e cantará suas próprias músicas, após ter louvado a todos e ser bastante reverenciado. Ele conversará com os fiéis, falará em um possível iorubá arcaico e seu atokun funcionará como tradutor. Babá-Egum começará perguntando pelos seus fiéis mais freqüentes, principalmente pelos oiê femininos; depois, pelos outros e finalmente será apresentado às pessoas que ali chegaram pela primeira vez. Babá estará orientando, abençoando e punindo, se necessário, fazendo o papél de um verdadeiro pai, presente entre seus descendentes para aconselhá-los e protegê-los, mantendo assim a moral disciplina comum às suas comunidades, funcionando como verdadeiro mediador dos costumes e das tradições religiosas e laicas.
Finalizando a conversa com os fiéis e já tendo visto seus filhos, Babá-Egum parte, a festa termina e a porta principal é aberta: o dia já amanheceu. Babá partiu, mas continuará protegendo e abençoando os que foram vê-lo.
Esta é uma breve descrição de Egungum, de uma festa e de sua sociedade, não detalhada, mas o suficiente para um primeiro e simples contato com este importante lado da religião. E também para se compreender a morte e a vida através das ancestralidades cultuadas nessas comunidades de Itaparica, como um reflexo da sobrevivência direta, cultural e religiosa dos iorubanos da Nigéria.
Lendas de Orisas,Bayanni
Bayanni

Bayànnì é vista como a irmã mais velha de Xangô, que governou Oyó como regente, depois da ineficaz de Dada Àjaká, irmão mais velho de Xangô, governante ineficaz para época. A palavra Bayànnì é uma concentração da expressão Babá yàn mi, "Papai escolheu-me", refere-se à crença de que o ancestral masculino escolheu-a para retornar à vida na forma corporal de Bayànnì. Sendo assim, esta seria a razão da coroa de búzios que usa, um símbolo de continuidade em termos de reencarnação.
Ajaká, também chamado de Dadá, exilado, sai de Òyó para reinar numa cidade menor, Igboho ,vizinha de Òyó, e não poderia mais usar a coroa real de Òyó. E, com vergonha por ter sido deposto, jura que neste seu reinado vai usar uma outra coroa (ade), que lhe cubra seus olhos envergonhados e que somente irá tira-la quando ele puder usar novamente o ade que lhe foi roubado. Esta coroa que Dadá Ajaká passa a usar, é rodeada por vários fios ornados de búzios no lugar das contas preciosas do Ade Real de Òyó, e esta chama-se Ade Bayánni.

Lendas de Orisas,Ayrá
Ayrá
AYRÀ era um dos servos de confiança de Sango. OSÀLÚFÓN (ÓÒNÍ DE IFÈ ) fez uma visita as terras de Oyo onde Sango (Oba de Oyo) reinava. No caminho de volta Sango se negou a carregar OSÀLÚFÓN até seus domínios como uma forma de submissão a OSÀLÚFÓN, então designou tal missão a Ayrá. Este por sua vez não só ajudou OSÀLÚFÓN como o carregou nas costas até seus domínios. Ayrá tentou tirar partido da situação intrigando OSÀLÚFÓN contra Sango.
Ayra tentou convencer OSÀLÚFÓN que Sango fora o único culpado dele OSÀLÚFÓN, ter passado os sete anos sofrendo maus tratos na prisão de Oyo, acusado de ser o ladrão dos cavalos de Sango. Mas, OSÀLÚFÓN não cedeu a seu veneno e perdoou Sango, que sabedor do acontecido cortou relações com Ayra pela traição. OSÀLÚFÓN ficou grato pela submissão de Ayra e lhe concedeu o título de seu primeiro ministro, fazendo dele seu mais fiél amigo, motivo pelo qual AYRÀ come diferente dos SÀNGÓ.
Foi-lhe concedido comer em sua gamela o arroz, a canjica e o mingau de acaçá, sendo-lhe proibido o dendê e o sal. Por motivo de rivalidade com SÀNGÓ, não se deve colocá-los juntos na mesma casa nem em cima de pilão. Sua gamela é oval e seus ornamentos prateados.
Seu assentamento é na gamela oval e não leva pilão. A fogueira lhe pertence e é acesa pelo lado esquerdo. Dentro da fogueira coloca-se :
- Um tacho de cobre com 12 quiabos;
- Uma pedra, representando o ODUN ARÀ;
- Frutas.
Ayra tentou convencer OSÀLÚFÓN que Sango fora o único culpado dele OSÀLÚFÓN, ter passado os sete anos sofrendo maus tratos na prisão de Oyo, acusado de ser o ladrão dos cavalos de Sango. Mas, OSÀLÚFÓN não cedeu a seu veneno e perdoou Sango, que sabedor do acontecido cortou relações com Ayra pela traição. OSÀLÚFÓN ficou grato pela submissão de Ayra e lhe concedeu o título de seu primeiro ministro, fazendo dele seu mais fiél amigo, motivo pelo qual AYRÀ come diferente dos SÀNGÓ.
Foi-lhe concedido comer em sua gamela o arroz, a canjica e o mingau de acaçá, sendo-lhe proibido o dendê e o sal. Por motivo de rivalidade com SÀNGÓ, não se deve colocá-los juntos na mesma casa nem em cima de pilão. Sua gamela é oval e seus ornamentos prateados.
Seu assentamento é na gamela oval e não leva pilão. A fogueira lhe pertence e é acesa pelo lado esquerdo. Dentro da fogueira coloca-se :
- Um tacho de cobre com 12 quiabos;
- Uma pedra, representando o ODUN ARÀ;
- Frutas.
Lendas
Qualidades
ANTILE
Veste branco e é ligado a YEMONJA SOBÀ e ÒSUN KARÉ. Foi êle quem carregou OSÀLÚFÓN nos ombros e tentou coloca-lo contra SÀNGÓ , dizendo que êle teria passado os sete anos na prisão por culpa de seu filho, SÀNGÓ. Por isto existe uma KIZILA entre AYRÀ e SÀNGÓ , não podendo AYRÀ ser posto em cima do pilão , pois provoca a ira de OSÀLÚFÓN. Come com ÈSÙ.
OSUIBURU
Veste o preto e caminha nas trevas com ÈSÙ e ÉGÚN, não se raspa.
AYRÀ AYRÀ
Come com ÒÒSÀÀLÀ e veste branco. Caminha junto com ÒGÚN JÀ, se não assenta-lo AYRÀ não caminha e a pessoa para no tempo.
AYRÀ OCÌ
Idêntico ao AYRÀ AYRÀ, só que é calmo.
AYRÀ IBONA
É o pai do fogo. Veste branco.
AYRÀ OMONIGI
É um AYRÀ muito quente e filho do fogo. Se provocado solta fogo pela boca. Come com ÒSUN.
ALAMODÉ
É um AYRÀ menino. Come com YEMONJA e OSOGUIAN. ÒGÚN JÀ fica a seus pés.
AJOSSIN
É o dono do camelo. Não tem medo da morte como SÀNGÓ de dendê. Veste branco.
EPOMIN
Foi êle quem brigou e destronou OMOLÚ.
ADJAOSSI
O verdadeiro esposo de OBÁ. Brigou com ÒGÚN JÀ. Veste branco. ÒGÚN JÀ fica em outro quarto.
YIGBOMIN ou BOMIN
É bom, conselheiro, dono da verdade, reina nas águas junto com ÒSUN. Não faz nada sem perguntar a ÒÒSÀÀLÀ.
ETINJÀ
Depende de ÒGÚN JÀ para caminhar, é guerreiro e cruel, não recusa uma batalha. Veste branco.
YBONA
É o AYRÀ da quentura.
DUNDUN
Identico ao OXUIBURU.
Lendas de Orisas,Ajaka
Ajaká
AGANJÚ, TERRA FIRME E AJAKÁ SEU PAI
A história dessa situação é contada pela tradição Lucumi, não as histórias da Tradição mas pelo que se considera historias adicionais.
Antes de apaixonar-se pelo caçador, Odùdúwá deu a luz para seu marido Obatàlá, a um menino e uma menina, chamados respectivamente Aganjú e Yemojá. O nome Aganjú significa a parte não habitada do país, a região selvagem, terra firme, a planície, ou a floresta; e o nome Yemojá significa "mãe dos peixes" (yeye, mãe; eja, peixes). A prole da união do paraíso e da terra, isto é, de Obatàlá e de Odùdúwá, pode assim ser dita representar a união de terra e água. Yemojá é a Deusa dos rios e córregos, e gere as dificuldades causadas pela água. É representada por uma figura feminina, sua cor é o amarelo, contas azuis e vestimenta branca. A adoração de Aganjú parece ter caído em desuso, ou ter-se fundido com a de sua mãe; mas diz-se existir um espaço aberto na frente da residência do rei em Oyo onde Aganjú foi adorado no passado e que ainda se chama Ojú-Aganjú - "Olhos de Aganjú".
Yemojá casou-se com seu irmão Aganjú, e teve um filho chamado Òrugán. Este nome é combinação de orun, do céu, e de gan, do ga, para ser elevado; e parece significar "na altura do céu." Parece responder ao khekheme, ou "à região livre de ar" dos povos Ewe, para significar o espaço aparente entre o céu e a terra. A prole da terra e da água seria assim o que nós chamamos de ar. Òrugán apaixonou-se por sua mãe, que recusou-se a ouvir de sua paixão culpada. Um dia Òrugán aproveitou-se da ausência de seu pai e a possuiu. Imediatamente depois do ato, Yemojá levantou-se e fugiu, esfregando as mãos e lamentando. Ela foi perseguida por Òrugán, que a tentou consolar dizendo que ninguém precisaria saber do ocorrido. E declarou que não poderia viver sem ela. Pediu-lhe considerar que vivesse com dois maridos, um reconhecido, e o outro em segredo; mas ela rejeitou com horror todas suas propostas e continuou a fugir. Òrugán, entretanto, alcançou-a rapidamente e quando estava ao alcance de sua mão, ela caiu para trás na terra então seu corpo começou imediatamente a inchar em uma maneira temível, dois córregos da água saíram de seus seios, e seu abdômen explodiu, abrindo-se. Os córregos dos seios de Yemojá uniram-se formando uma lagoa. E da abertura de seu corpo vieram:
Yemojá casou-se com seu irmão Aganjú, e teve um filho chamado Òrugán. Este nome é combinação de orun, do céu, e de gan, do ga, para ser elevado; e parece significar "na altura do céu." Parece responder ao khekheme, ou "à região livre de ar" dos povos Ewe, para significar o espaço aparente entre o céu e a terra. A prole da terra e da água seria assim o que nós chamamos de ar. Òrugán apaixonou-se por sua mãe, que recusou-se a ouvir de sua paixão culpada. Um dia Òrugán aproveitou-se da ausência de seu pai e a possuiu. Imediatamente depois do ato, Yemojá levantou-se e fugiu, esfregando as mãos e lamentando. Ela foi perseguida por Òrugán, que a tentou consolar dizendo que ninguém precisaria saber do ocorrido. E declarou que não poderia viver sem ela. Pediu-lhe considerar que vivesse com dois maridos, um reconhecido, e o outro em segredo; mas ela rejeitou com horror todas suas propostas e continuou a fugir. Òrugán, entretanto, alcançou-a rapidamente e quando estava ao alcance de sua mão, ela caiu para trás na terra então seu corpo começou imediatamente a inchar em uma maneira temível, dois córregos da água saíram de seus seios, e seu abdômen explodiu, abrindo-se. Os córregos dos seios de Yemojá uniram-se formando uma lagoa. E da abertura de seu corpo vieram:
Dadá
Deus dos Vegetais
Sàngó
Deus do Relâmpago
Ògún
Deus do Ferro e da Guerra
Òlokun
Deusa do Mar
Òlosa
Deusa da Lagoa
Oyá
Deusa do Rio Níger
Òsun
Deusa do Rio Òsun
Oba
Deusa do Rio Oba
Òrìsà Oko
Deus da Agricultura
Òsòósi
Deus dos Caçadores
Oke
Deus das Montanhas
Ajé
Deus da Riqueza
Sàponà
Deus da Varíola
Òrun
O Sol
Òsú
A Lua
Deus dos Vegetais
Sàngó
Deus do Relâmpago
Ògún
Deus do Ferro e da Guerra
Òlokun
Deusa do Mar
Òlosa
Deusa da Lagoa
Oyá
Deusa do Rio Níger
Òsun
Deusa do Rio Òsun
Oba
Deusa do Rio Oba
Òrìsà Oko
Deus da Agricultura
Òsòósi
Deus dos Caçadores
Oke
Deus das Montanhas
Ajé
Deus da Riqueza
Sàponà
Deus da Varíola
Òrun
O Sol
Òsú
A Lua
Para comemorar este evento construiu-se uma cidade chamada Ifé (que significa distensão, aumento de tamanho, ou inchamento), no local onde rebentou o corpo de Yemojá, essa cidade transformou-se em cidade sagrada para os povos de fala Yorubá. O local onde seu corpo caiu costumava ser mostrado e provavelmente ainda o é; mas a cidade foi destruída em 1882, na guerra entre o Ifés contra os Ibadans e os Modakekes. O mito de Yemojá explica assim a origem de diversos dos Deuses, fazendo-os netos de Obatàlá e de Odùdúwá.
AJAKÁ
O Aláàfin de Òyó, o Oba Ajaká, meio irmão de Sàngó, era muito pacifico, apático e não realizava um bom governo. Sàngó, que cresceu nas terras dos Tapas (Nupe), local de origem de Torosí, sua mãe, e mais tarde se instalou na cidade de Kòso, mesmo rejeitado pelo povo por ser violento e incontrolável, mas sendo tirânico, se aclamou como Oba Kòso. Mais tarde, com seus seguidores, se estabeleceu em Òyó, num bairro que recebeu o mesmo nome da cidade que viveu, Kòso e com isso manteve seu titulo de Oba Kòso.
Sàngó percebendo a fraqueza de seu irmão e sendo astuto e ávido por poder, destrona Ajaká e torna-se o terceiro Aláàfin de Òyó. Ajaká, também chamado de Dadá, exilado, sai de Òyó para reinar numa cidade menor, Igboho ,vizinha de Òyó, e não poderia mais usar a coroa real de Òyó. E, com vergonha por ter sido deposto, jura que neste seu reinado vai usar uma outra coroa (ade), que lhe cubra seus olhos envergonhados e que somente irá tira-la quando ele puder usar novamente o ade que lhe foi roubado.
Esta coroa que Dadá Ajaká passa a usar, é rodeada por vários fios ornados de búzios no lugar das contas preciosas do Ade Real de Òyó, e esta chama-se Ade Bayánni. Dadá Ajaká então casa-se e tem um filho que chama-se Aganjú, que vem a ser sobrinho de Sàngó. Sàngó reina durante sete anos sobre Òyó e com intenso remorso das inúmeras atrocidades cometidas e com o povo revoltado, ele abandona o trono de Òyó e se refugia na terra natal de sua mãe em Tapa.
Após um tempo, suicida-se, enforcando-se numa árvore chamada de àyòn (àyàn) na cidade de Kòso. Com o fato consumado, Dadá Ajaká volta à Òyó e reassume o trono, retira então o Ade Bayánni e passa a usar o Ade Aláàfin, tornando-se então o quarto Aláàfin de Òyó. Após sua morte, assume o trono seu filho Aganjú, neto de Òrànmíyàn e sobrinho de Sàngó, tornando-se o quinto Aláàfin de Òyó. Como Aganjú não teve filhos, com ele acaba a dinastia de Odùdúwá em Òyó, assim termina o primeiro período de formação dos povos yorubanos. De Ifé até Òyó, de Odùdúwá a Aganjú, passando por Sàngó.
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